A maioria das pessoas, não por acaso, vê o espaço da cidade apenas funcionalmente: é o lugar onde moro, onde trabalho, onde circulo. Esta visão de cidade levou gerações de administradores públicos a destruir aquilo que as cidades têm de mais rico que é sua capacidade de formar cidadãos: é nos espaços públicos de nossas cidades que construímos a esfera pública e é a esfera pública que nos permite discutir os problemas comuns da comunidade e avançar em sua construção. É nos espaços públicos que conhecemos os diferentes e por isto derrubamos as barreiras do preconceito, do medo, da indiferença. Talvez por isto os administradores conservadores de nossas cidades têm progressivamente desconstruído os espaços públicos, passando a ideia de que eles são os lugares da marginalidade, dos encontros indesejáveis.
Em Florianópolis, há muito tempo que não vemos investimentos públicos em espaços de convivência como parques e praças; as poucas experiências que temos são frutos de lutas comunitárias. Ao contrário, os administradores públicos apostam visivelmente na degradação dos espaços públicos sem uso para justificar a implantação de investimentos privados nesses espaços; vide o exemplo da Ponta do Coral.
As comunidades, organizadas em bases distritais durante a elaboração do plano diretor da cidade, apontaram uma série de espaços que poderiam tornar-se belos espaços públicos: Campeche, Lagoa da Conceição, Pântano do Sul, Córrego Grande, Rio Vermelho etc. A viabilização desses espaços poderia inverter o direcionamento do tipo de cidade teremos; hoje caminhamos para a implantação de uma cidade voltada exclusivamente ao mercado; a implantação desses espaços comunitários (e tantos outros) poderia ajudar na construção de uma cidade voltada para seus habitantes, para seus moradores.
Inverter a lógica de uma cidade-mercado para uma cidade-direito é fundamental para construirmos uma cidade melhor para as futuras gerações. À nossa geração coube a função de construir essa nova cidade...
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