A Política de Pessoas Comuns
A palavra República, em sua etimologia, vem do latim res publica e significa "coisa pública". Não obstante sua origem estar ligada aos gregos, seu sentido mudou ao longo da história e hoje ela é vista como um governo no qual o chefe do Estado é eleito pelo povo ou por seus representantes. Ou, dito de maneira mais ampla, um Estado governado por representantes do povo, sem necessidade de ser descendente ou parente de outros governantes. Na República são pessoas do povo que devem compor a classe política.
Temos presenciado, no Brasil, uma descrença crescente nos representantes do povo ao ponto de haver quase uma deslegitimação dos políticos. Isto decorre em grande parte pela distância cada vez maior do político brasileiro das pessoas comuns a quem eles representam. Os políticos parecem acreditar que compõem uma casta seleta da sociedade, o que, em sua essência, seria a própria negação da República.
O que vimos nas manifestações de junho do ano passado foi algo além de protestos contra a realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil; foram manifestação contra a forma de governar o país; foram manifestações contra a maneira de gastar os recursos públicos; foram manifestações contra os partidos políticos e contra a forma de fazer política no país. Foram manifestações que reivindicavam mais República.
Mais República significa mais oportunidades, mais direitos, mais dignidade, mais justiça para as pessoas comuns; tudo isto tem como princípio a igualdade diante do Estado. Ou somos todos iguais diante do Estado ou não somos uma República.
Os políticos, numa República, não podem estar fora da sociedade; precisam vivê-la em intensidade para melhor comprender seus problemas e assim discuti-los e propor soluções. A República precisa que as pessoas comuns se apresentem para a política; para fazer a boa política; para que as pessoas possam reacreditar na política: uma política feita de pessoas comuns, para pessoas comuns.