Mais uma vez assistimos em Florianópolis a uma possível
ação da prefeitura municipal desvinculada de um planejamento mais abrangente: a
construção de um teleférico ligando o centro da cidade à Universidade Federal
de Santa Catarina, passando pelo Morro da Cruz.
Não existe na capital qualquer estudo de conjunto que
articule soluções de modo a resolver o grave problema de mobilidade da região
conurbada, que envolva os municípios de São José, Palhoça e Biguaçu. É
necessário um plano que dê vazão às necessidades de deslocamento da população e
de mercadorias em um território marcado
por graves problemas viários, onde há predominância do automóvel sobre outros
modais (mesmo transportando menos pessoas que os ônibus e ocupando mais espaço
nas vias), com inexistência de maneiras alternativas de fazer a transposição das baías norte e sul, sem um sistema cicloviário abrangente, interligado e seguro, sem
calçadas que permitam um pedestrianismo adequado.
Como solução aos graves problemas de mobilidade, a
prefeitura impõe (não é uma proposta aberta ao debate público) um sistema caro
de bondinhos (mais de 150 milhões de Reais),
de baixa capacidade de transportar pessoas, de alto custo de operação (com alta
tarifa ou fortemente subsidiado), de alto consumo de energia e principalmente,
desarticulado do resto do sistema de transporte público. O Professor Werner, da Universidade Federal de Santa Catarina, já apresentou várias vezes estudos sobre a baixa capacidade de transporte de pessoas pelo teleférico e seu alto custo de funcionamento.
Com o mesmo custo, seria possível implantar
aproximadamente 15 quilômetros de sistema de BRT, considerando não apenas os ônibus articulados de alta capacidade de transporte, mas igualmente a
construção de pistas exclusivas, estações de embarque etc.
Seria muito importante para a sociedade se a prefeitura
apresentasse as razões de implementação de um sistema tão caro e que não trará
mudanças significativas ao nosso cotidiano de engarrafamentos.