segunda-feira, 7 de julho de 2014

Pelo direito de viver (n)as nossas cidades


A reportagem sobre os brasileiros que compram imóveis na Flórida, publicada no DC no último 6 de maio, corrobora minha hipótese de que a elite brasileira abdicou do sonho de viver a cidade no Brasil. Eu costumo dizer que quando a classe média e média-alta brasileira quer vida urbana ela não se dirige aos centros de nossas cidades; ela toma a direção dos aeroportos internacionais para buscar no exterior essa experiência...
Algumas cidades europeias e americanas propiciam bons modos de vida de urbana: espaços públicos de qualidade, segurança, conviviabilidade. Paradoxalmente, muitos dos que viajam são os responsáveis pela produção imobiliária brasileira e constroem cada vez mais espaços segregados e desprovidos de um mínimo de urbanidade. Há uma falsa compreensão que espaços privados fortificados trazem segurança. Não percebem que as cidades por eles procuradas no exterior têm desenvolvido cada vez mais ações de integração entre o público e o privado e algumas chegam a proibir condomínios fechados e shopings centers sob a alegação que eles destroem o tecido urbano que propicia a urbanidade e mais segurança.
Infelizmente esse modus vivendi tem se expadido para outras classes sociais ao ponto de mesmo os empreendimentos Minha Casa Minha Vida da grande Florianópolis reproduzirem a forma segregada de se viver (n)a cidade.
É preciso que repensar a maneira de construir cidades; é preciso que os produtores imobiliários, mas principalmente os órgãos públicos, compreendam a íntima relação entre produção individual e construção da cidade. Cidades dispersas, espaços segregados, shopings centers não contribuem para construção daquilo que a cidade tem de melhor: a sociabilidade e a convivência urbana. Caso contrário, só restará o caminho para o aeroporto...