O aumento da tarifa de ônibus e a mobilidade urbana O ano de 2015 começa com notícias preocupantes em relação ao nosso cotidiano, principalmente aquelas ligadas à economia: o
governo federal anuncia medidas de austeridade econômica com perdas inclusive em direitos sociais; o governo estadual aponta para dificuldades de investimentos em obras historicamente necessárias;
no nível municipal, temos notícias de aumento de IPTU em Florianópolis e um aumento significativo nas passagens de ônibus.É sobre esta última questão que eu quero debruçar-me com mais profundidade.
A mobilidade urbana continua sendo tratada de forma errônea pela grande maioria dos governos
municipais. No discurso, os dirigentes políticos falam em prioridade do transporte coletivo,
mas continuam reféns da lógica economicista no trato da concessão do transporte público às empresas privadas. E isto tem uma explicação: os governos não aceitam encarar o transporte público
como um direito do cidadão, como a educação e saúde. Para eles o transporte público é um serviço e
por isto deve ser rentável àquele que presta tal serviço. Desta forma, a fórmula de cálculo da tarifa é
simples: somam-se as despesas ao lucro das empresas, e divide-se o resultado pelo número de
passagens pela catraca. O valor final é a passagem que cada passageiro paga. Portanto, é apenas o usuário do ônibus quem paga o serviço.
Mas quem causa todo o problema de congestionamentos em nossas cidades é o transporte individual;
esses congestionamentos são responsáveis pela deseconomia causada pelo tempo perdido nas
filas, pelos acidentes, pela necessidade de gestão do trânsito etc. Os países que compreenderam
isto estão taxando cada vez mais os usuários de automóveis e utilizando esses recursos no transporte
coletivo. Em Londres, a municipalidade arrecada mais e 800 milhões de Reais por ano no pedágio urbano e aplica esse valor no transporte público, inclusive em subsídios para diminuir a tarifa.
Aumentar o valor das tarifas dos ônibus afugentará cada vez mais as pessoas do transporte coletivo, o que aumentará os congestionamentos e a pressão pelas caras infraestruturas viárias urbanas.
Pelo direito à mobilidade.