quarta-feira, 14 de março de 2012

A (ir)responsabilidade da Imagem



Circula em Florianópolis esta imagem como proposta de um metrô de superfície (VLT) para Florianópolis.
Quanta irresponsabilidade. Há alguns meses atrás, o BRT foi lançado com pompas de cerimônia de entrega do Oscar, Acompanhei: para minha surpresa, o que a administração municipal chamou de BRT (Bus Rapid Transit ) era um ônibus emprestado de uma fábrica de carrocerias. Não havia projeto algum. Ora, quem conhece minimamente o conceito de BRT sabe que ele é bem mais do que um ônibus articulado (ou mesmo bi-articlado); o BRT é um sistema de transporte coletivo que necessita de calha exclusiva de rolagem, de projeto global de conexão (não apenas entre os ônibus, mas também com outros modais) e que compõe um Sistema de Mobilidade Urbana e mesmo inter-urbana. O ônibus foi apresentado antes do projeto, ou melhor, em detrimento de qualquer projeto (inclusive do Plano Diretor).
Agora esta imagem (pausa para refletir). O que ela significa?
Onde está o projeto que deu origem a esta imagem? Onde está o estudo Origem-Destino do transporte público de Florianópolis? Qual a relação do VLT com o BRT? Por qual ponte ele vai passar para ir ao Estreito? Por aquela que será construída pelo governo do estado cujo edital de elaboração do projeto foi suspenso ou pela Hercílio Luz restaurada? ou será que pela ponte Colombo Salles, voltando pela ponte Pedro Ivo e tendo que pegar o elevado Rita Maria (que não previu a passagem de um VLT)? Quanto custará o VLT?
Essas imagens (Pontes, VLT, BRT, Viadutos) exparsas, desconexas, mostram o que temos hoje em termos de planejamento em Florianópolis; o Instituto de Planejamento da Cidade foi primeiro desqualificado; depois sucateado e hoje relegado a um plano inexpressivo. O futuro da cidade não é mais pensado: ele será o mosaico resultante dessas idéias que surgem aqui e acolá, ora da cabeça do prefeito, ora do vice-prefeito, ora de um secretário, ora do governo do estado.
Em termos de custos, será que existe algum estudo? Se existe, seria bom vir a público.
Eu tenho alguns dados: de maneira genérica, um estudo da Associação nacional das Empresas de Transportes Urbanos mostra que para construir

Dois Eixos de BRT , com as seguintes características:
- 20 km de via (concreto)                                           R$ 60 milhões
- 6 terminais de integração                                         R$ 60 milhões
- 30 estações intermediárias                                       R$ 16 milhões
- Controle e sinalização                                              R$ 4 milhões
- 80 ônibus biarticulados ou 134 articulados              R$ 80 milhões
Total do investimento                                               R$ 220 milhões

Dois Eixos de VLT (metrô de superfície), para atender aos mesmos objetivos
Total do investimento R$ 808 milhões

No caso de Florianópolis, temos ainda que pensar na travessia das baías, cujo custo não está incluído nos números acima apresentados.
Evidentemente que não é apenas o custo que vai definir a escolha, mas para tomar a decisão de um projeto de uma tal soma, precisamos ser, no mínimo responsáveis e termos um plano metropolitano de mobilidade integrada a outros modais.. 


2 comentários:

  1. Caro Professor Elson,
    São de pessoas que pensam dessa forma que estamos precisando, não somente para Florianopolis, mas para todo o Estado de SC e do Brasil; pessoas que criticam com conhecimento técnico e de causa, mas, mostram, com convicção, dados e alternativas.
    Parabéns por mais belo texto e que ele sirva de inentivo aos eleitores de Florianopolis, como o prosito de mudanças.

    Silvio Mendes
    (de Grenoble, França)

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  2. O sr. não é a Luiza mas está no Canadá. Também já estive em Vancouver e Toronto e tive a oportunidade de usar o sky train. E se não me falha a memória, foi um gaúcho que deu origem a este estudo (o protótipo ainda se encontra abandonado em Porto Alegre). Resolveria em parte a mobilidade pois poderia ser usado o canteiro central da Beira-Mar no trajeto centro-UFSC, para começo de estudo. E ainda me pergunto: se Vancouver, que não é ilha, mas tem excelente sistema de farry-boat,pode, porque nós, que somos uma ilha, não podemos ter este sistema em funcionamento????

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