A Copa do Mundo de
Futebol se aproxima. Quando o ex-presidente Lula anuciou sua realização,
anunciou igualmente que o país ganharia com infraestrutura, novos aeroportos, transporte
urbano coletivo de qualidade nas cidades sede, novas vias urbanas, além,
evidentemente de novos estádios. O conjunto desses elementos, que ficaria para
a população após a realização do torneio, ele chamou de Legado da Copa. De tudo
isto, apenas os estádios ficarão prontos para o torneio; seriam eles entáo o
Legado da Copa? Não. Teremos outros resultados.
Juntamente com a herança
dos estádios, herdaremos o aumento da dívida pública; herdaremos elefantes
brancos que ficarão fechados na maior parte do ano como os estádios de Manaus,
Cuiabá e Brasília. É preciso lembrar que Copas anteriores, realizadas em países
economicamente mais estabilizados, gastaram menos que o Brasil. A França, por
exemplo, construiu apenas um novo estádio, em sua capital (o Saint Denis,
localizado ao lado de uma estação de metrô); todos os outros estádios foram
apenas reformados e estavam localizados em cidades com forte tradição no
futebol; além disto, o número de sedes era bem menor. No Brasil, o governo não
abriu mão de construir pelo menos quatro estádios no Nordeste, mostrando que a
geografia eleitoral era mais importante que a racionalidade econômica.
A infraestrura, a mobilidade urbana, a
melhoria de nossas cidades ficarão para outra ocasião.
Então teremos apenas legados negativos
após a realização da Copa que vai parar o país por um mês? Não. Teremos também resultados
positivos.
Não tenho dúvida que o grande legado
da Copa do Mundo no Brasil foi o despertar de sua população para as verdadeiras
prioridades do país; foi ver que existem recursos disponíveis no governo
federal para grandes obras; que é possível construir grandes equipamentos com
qualidade: o padrão FIFA. Mas, é preciso inverter prioridades: no lugar de estádios, queremos escolas, hospitais, espaços públicos, transporte coletivo.
Desperdiçou-se recursos; despertou a
população; ficou a lição.